Morhan Nacional:

O MORHAN promoverá amanhã (quinta-feira, dia 5) o Encontro dos filhos que foram separados pelo isolamento compulsório do estado de Pernambuco. A exemplo dos já realizados no Acre, Amazonas, São Paulo, Minas Gerais e Paraíba, o encontro tem como objetivo promover o reencontro, o resgate de cidadania e a discussão sobre a indenização para as vítimas do isolamento. A iniciativa resultou em um dossiê preliminar entregue ao ex-presidente Lula e que já recebeu o apoio da presidente Dilma Rousseff. O evento será das 14h às 17h na sede da Ordem dos Advogados do Brasil/seccional Recife (Rua do Imperador Dom Pedro II, 235/2º andar, bairro Santo Antônio), com a participação do conselheiro nacional de Saúde Artur Custódio Moreira de Souza, responsável pela iniciativa em todo o país. A OAB é parceira do Morhan.Histórico  Um levantamento sobre a situação de filhos separados dos pais por ocasião do isolamento compulsório de hanseníase resultou no dossiê A história dos filhos órfãos de pais vivos, entregue, em 2010, ao chefe de gabinete do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e ao ministro de Direitos Humanos na época, Paulo Vanucci. O documento relata a saga de crianças que, a partir da década de 30, foram separadas dos pais, levados à força para antigos hospitais-colônia de hanseníase em todo o país.  ?Estamos dialogando com governo a respeito dos danos sofridos pelas crianças que foram separadas dos pais pelo isolamento compulsório da hanseníase, a partir da década de 30, tanto as deixadas em preventórios (orfanatos), quanto às deixadas com amigos ou familiares?, explica Artur Custódio Moreira de Souza, conselheiro nacional de Saúde e coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), responsável pela iniciativa.   Segundo ele, ?o reconhecimento pelo governo brasileiro dos danos sofridos pelos pais desses filhos, através da Lei 11.520/2007, abre o caminho para essa discussão?. ?O Brasil foi o segundo país no mundo ? o primeiro foi o Japão - a indenizar as pessoas que ficaram isoladas pela hanseníase depois da descoberta da cura. Se o país reconhecer o direito à reparação dos filhos, seremos o primeiro a pagar indenização. Isso significa que o Brasil partiria na frente até mesmo da ONU?, afirma o conselheiro nacional de Saúde. Essa discriminação nacional ganhou o nome de "isolamento compulsório" e era imposta aos portadores de hanseníase, antigamente conhecida como lepra, que na época não possuía cura, como forma de separá-los do convívio de pessoas tidas como saudáveis. Nesse procedimento, os doentes eram retirados do convívio social de forma repentina e internados em instituições fechadas, conhecidas como "leprosários" ou hospitais-colônia.        Os filhos dessas pessoas eram levados dali, inicialmente para educandários ou orfanatos e outros simplesmente ?desapareciam?. Muitos pais, depois de liberados dos leprosários, eram informados que seus filhos estavam mortos, mas não lhes apresentavam atestado de óbito. Diversas crianças relatam ter sofrido violência, abuso sexual e ingestão forçada de drogas que podem ter deixado graves consequências à saúde mental. No Brasil, a partir de 1924, o governo federal decidiu assumir o controle da hanseníase pela internação compulsória, com base no pressuposto de que, retirando o doente das ruas ou estradas, estaria salvando a sociedade sadia. O indivíduo com suspeita da doença era caçado pela Guarda Sanitária e isolado compulsoriamente em algum hospital-colônia. Lá essas pessoas eram mantidas presas, e muitas vezes nunca mais chegavam a rever seus familiares.
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